Vida midializada, ritmo do texto, tudo TikTok, guerra de atenção, Meu Amigo Robô
Às vezes me pego pensando sobre a velocidade da comunicação de hoje em dia. Afinal, trabalho com isso. Gravo um vídeo e em segundos recebo comentários sobre o que falei. Mando uma mensagem pra minha família na Bahia e recebo notícias rápidas e fica tudo resolvido. Muitas vezes culpamos essa velocidade como razão da crise de ansiedade generalizada. Aí fico imaginando como era há séculos atrás. A angústia de aguardar uma carta de alguém querida como resposta a um desentendimento que ocorrido entre eles. "Será que escrevi tudo o que eu pensava? Faltou explicar melhor sobre..." E quinze dias depois a resposta chega e está tudo certo, as pazes foram feitas. A relação com o tempo definitivamente era outra. Pois é claro que se você discutir com namorado ou namorada e ele ou ela demorar mais de 5h pra responder no WhatsApp, seu coração começa a palpitar.
Escrever uma newsletter é diferente de escrever um post nas redes sociais. Levo dias para produzir uma edição com indicações e comentários enquanto que um post no Instagram me toma apenas algumas horas. Também levo dias até publicar um texto no site. Leio, escrevo, pesquiso, corrijo e reescrevo até me sentir satisfeito.
Gosto de escrever a newsletter e os textos no site. Me coloca em um estado mais calmo, como se estivesse confeccionando algo para depois e não “para agora”. Sei que posso tomar o tempo que for preciso para construir isso daqui. Não existe nenhuma máquina algorítmica me pressionando a fazer isso. Aqui o objetivo não é alcançar milhares de pessoas e fazer esse conteúdo viralizar. Aqui o objetivo é alcançar as pessoas certas. E que essas pessoas sintam-se satisfeitas de receberem o que assinaram pra receber.
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📘PARA LER
Daqui a cem anos, quando olharem para trás, o que vão pensar disso tudo? Um período de intensa interação virtual, onde nossas vidas se entrelaçaram com as redes sociais. Escrevi um pouco sobre essa época em que aprendemos a pensar e viver segundo a lógica da mídia. Uma vida midializada.
Durante uma leitura é inegável que o entendimento e o prazer estão muitas vezes atrelados ao estilo de escrita. Escrevi umas ideias para quem escreve, a partir da questão: Qual o ritmo dos seus textos?
O Instagram deixou claro que a única forma de permanecer relevante era publicar Reels. Youtubers de destaque começaram a disseminar seus “Shorts” não porque queriam ou porque o seu público pediu, mas para agradar o seu chefe, o Youtube. Tá tudo tipo o TikTok.
Antigamente a internet era para onde a gente ia quando queria escapar da realidade. Hoje a realidade é onde a gente vai para escapar da internet. Eduardo Fernandes escreveu sobre a sensação da internet como um fardo, e seus 14 jeitos para recuperar a sua graça.
Tá todo mundo querendo espaço ao mesmo tempo. Segundo Eduardo Fernandes, estamos no meio de uma espécie de guerra civil da atenção.
"A vida é começo, meio e começo" é uma frase do Nêgo Bispo que vi citada na newsletter da Nathália. E como ela mesma explicou, "Nada termina: estamos sempre recomeçando de algum ponto. Não partimos do zero."
📺 PARA VER
Imperdível a entrevista da atriz e escritora Fernanda Torres no Roda Viva, onde ela fala da carreira, sua relação com outros artistas, sua visão do mundo atual e do estado da arte no país.
Assisti ao filme Meu Amigo Robô que conta a história de um cachorro solitário que um dia decide comprar um robô para ser seu companheiro. A amizade deles floresce, até que se tornam inseparáveis. Mas, em uma noite de verão, ele se vê obrigado a abandonar seu amigo na praia. Sobre separação, amizade e amor.
Relaxante e curioso ver o processo de uma fábrica especializada em lápis no Japão.
Outro dia relembrei do videoclipe de Bombay, da banda El Guincho. O clipe foi criado pelo CANADA, agência criativa de Barcelona. Esse vídeo fez eles explodirem e se tornarem numa força dominante na indústria de videoclipes.
Arte no Instagram
O Instagram já foi uma plataforma de exibição de arte. Em reverência aos artistas que ainda tentam usar seus perfis para publicar seus trabalhos (como eu), agora vou passar a compartilhar por aqui algumas dicas para você conhecer e seguir.
🎧 PARA OUVIR
Com uma voz deliciosa, letras interessantes, uma mistura de bases acústicas e música eletrônica, o cantor, compositor e produtor alagoano Ítallo França mergulha no terceiro e mais recente trabalho, Tarde No Walkiria.
Uma mulher entra com os olhos vendados em uma sala, senta-se em uma cadeira e de repente começa a ouvir a voz do Henning May cantando exclusivamente pra ela. Mesmo que ela não saiba quem é, é de causar forte impressão. E depois pode até procurar a versão dele cantando Bang Bang com Amilli.
A rica história da Amazônia revela que cerca de 8 milhões de pessoas habitavam a região quando as expedições europeias chegaram ao continente americano. Ao longo de 14 mil anos, essas comunidades indígenas desenvolveram diversas formas de organização social, deixando vestígios que a ciência moderna agora desvenda gradualmente, como contado no podcast O Assunto.
📘 LIVRO
O ninho - de Bethania Pires Amaro
O livro de estreia de Bethânia Pires Amaro é composto por quinze contos que se aprofundam nas complexidades das relações familiares. A autora fala de personagens femininas que enfrentam mazelas diversas e, através de suas histórias, somos lembrados de que a casa, esse estranho ninho, não é tão sacra assim, nem tão segura. "O Ninho" foi vencedor do Prêmio Sesc 2023 na categoria Conto.
✍🏼 FRASE
As regras de exposição fotográfica também se aplicam à vida: ou você precisa de mais luz ou de mais tempo. E todo o tempo do mundo não vai te ajudar se você não tiver luz.
— Clayton Cubitt
💾 ARQUIVO (Maio de 2022) (somente para apoiadores magníficos)
Gênio, privilégios masculinos, trabalho remoto, silêncio, livros e leitura
Se eu não me engano, a figura do gênio surgiu durante a era romântica. Você sabe, aquele artista muitas vezes solitário, outras vezes cercado de gente, inquieto, que do nada emite uma frase brilhante ou que pega um instrumento e toca deixando todo mundo em silêncio, um poeta que fala um poema e cria uma espécie de eletricidade no ar, uma espécie de super humano que flutua acima de todas as outras pessoas, que parecia simplesmente tirar grandes ideias do ar, você sabe.