Você chora muito? Eu chorava pouco, tipo uma ou duas vezes ao ano. Uma das coisas que eu mais dizia era que queria chorar mais, nem que fosse apenas dar aquela choradinha. Então, para minha surpresa, no último ano o volume de lágrimas aumentou por aqui, bem mais do que a minha média. De lá pra cá tenho chorado com mais facilidade. Acho que desbloqueou. Aí agora parece que ficou fácil chorar. (Agradeço a todas as pessoas que me deixaram tristes nesses últimos tempos hahaha). Mas eu não choro apenas por tristeza, claro. É bonito chorar por tudo. Chorei em uma das cenas finais do filme “Anatomia de uma queda” da Justine Triet. Chorei lendo trechos do livro “Os dias perfeitos” do Jacobo Bergareche. Chorei ouvindo o Jorge Drexler cantar “El Tiempo Está Después”.
Nessa semana, fui colocar meu filho de 6 anos pra dormir e como sempre deitamos na cama com uma leitura. Dessa vez foi uma revistinha do Cascão. Aí me virei pra ele e disse “Filho, eu já li mil histórias pra você. Hoje você que vai ler pra mim”, e ele topou o desafio com alegria. À medida que foi lendo com desenvoltura, aprendendo com autonomia a ordem dos quadros, dos balões e a entonação das frases, eu fui me emocionando. Há muito a se pensar e discutir sobre essa entrada fundamental na linguagem, mas quero ser menos profundo aqui e dizer que minha emoção foi vê-lo se divertindo com a habilidade de ler, como quem ganha um super poder, capaz de ler as mágicas do mundo. Algumas páginas depois ele se cansou e disse “Pai, agora a gente divide. Você faz um personagem e eu faço outro”, então começamos uma leitura conjunta, quase que um teatrinho, até chegarmos ao final da história. Fechamos a revistinha, apaguei a luz e nos abraçamos. Depois que ele dormiu, me levantei cuidadosamente da sua cama, saí do seu quarto, fechei a porta devagar e comecei a chorar.
📘PARA LER
Celular, uma arma de distração em massa no bolso de cada um. Como o smartphone sequestra suas horas e sua concentração – e um caminho para sair dessa relação abusiva.
A classe média cultural se recarnavalizou. Com a ajuda de músicos de vanguarda que resgatam hits dos anos 1990 a cada Carnaval, público desse estrato social deixa de lado recalque com a arte popular e revisita axé music e comportamentos antes elitistas. A questão é a seguinte: por que hoje em dia é legal gostar de Banda Eva Ao Vivo?
Quando pensamos em quem já fomos, nas decisões que tomamos e nas pessoas que escolhemos ter em nossas vidas, pode rolar uma mistura de emoções. Será que fizemos tudo certo? O que você pensa quando lembra do seu passado?
Em um vídeo bastante conhecido, o escritor Roald Dahl apresenta a cabana localizada atrás de sua casa onde ele costumava escrever todos os seus livros, inclusive os mais conhecidos como “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Tudo foi organizado para ser um lugar perfeito para escrever. Isso nos faz pensar sobre a importância do isolamento para processos criativos em um mundo que está o tempo todo nos enviando notificações.
Durante a maior parte da história, os relacionamentos eram relativamente simples por uma razão banal, mas imutável: era extremamente difícil conhecer muita gente. Porém, hoje, a tecnologia atravessa esse obstáculo e nos fornece a interminável oportunidade de escolha. Hoje, conhecer alguém novo é uma possibilidade constante. Mas dá certo? Este ensaio (em inglês) problematiza os aplicativos de namoro como ferramenta para encontrar o amor.
📺 PARA VER
Quando somos jovens acreditamos que haverão muitas pessoas com quem iremos nos conectar. Mais tarde percebemos que é algo muito raro. Nunca esqueci essa citação do filme “Antes do pôr-do-sol”. Mas a cena toda do carro em que Celine fala sobre como passou a encarar os relacionamentos de uma forma diferente, desejando estar mais sozinha por não encontrar mais boas conexões, toda essa cena é ouro. E o curioso é que tenho ouvido a mesma coisa de amigas.
Recentemente os Booktokers (acho que é assim que chama os divulgadores de livros do TikTok) começaram uma missão: substituir o tempo que passavam nos celulares com livros. Os jovens perceberam que passavam mais de 5 horas por dia no celular. E se passassem esse mesmo tempo lendo livros todos os dias? A youtuber Julia Belinati fez o experimento e contou como foi.
Terminei de ler “Poeta Chileno”, do Alejandro Zambra, e amei. Aí, como faço sempre que gosto bastante de uma coisa, vou no YouTube pesquisar entrevistas e resenhas. Gostei bastante desse papo que o autor teve com o Miguel Del Castillo, tradutor do livro aqui no Brasil.
A cada dia uma foto nova tirada pela Nasa. Êta mundão.
Em um quarto seus pensamentos ficam trancados e quicando pelas paredes. Mas quando você vai para um lugar aberto…
Arte no Instagram
O Instagram já foi uma plataforma de exibição de arte. Em reverência aos artistas que ainda tentam usar seus perfis para publicar seus trabalhos (como eu), agora vou passar a compartilhar por aqui algumas dicas para você conhecer e seguir.
🎧 PARA OUVIR
No episódio O poder das nossas fantasias do podcast A loucura nossa de cada dia, o host Guilherme Facci fala sobre as nossas ficções particulares e como elas afetam as nossas vidas. Na minha opinião, essas ficções e fantasias são, na real, o que chamamos de vida.
“Pobres Criaturas” é um filmaço, obra prima em muitos sentidos, inclusive na trilha sonora. O curioso é que essa é a primeira trilha de cinema composta pelo Jerskin Fendrix, de 28 anos. Ele vem de composições para teatro e ópera. O diretor Yorgos Lanthimos requisitou uma música que subvertesse o comum e que tivesse humor e extravagância. Na minha opinião, Fendrix conseguiu com 100% de beleza.
Você tem uma artista favorita ou uma banda pela qual você é fã? O Music Nerd é um jogo onde você ouve 5 segundos aleatórios de algumas músicas e tem que acertar o nome de cada um.
📘 LIVRO
Os dias perfeitos - de Jacobo Bergareche
O que transforma dias banais em dias perfeitos? Em um congresso, o jornalista espanhol Luis inicia um relacionamento amoroso com a arquiteta mexicana Camila. Ambos casados, veem-se uma vez ao ano e desfrutam de alguns dias perfeitos. As coisas não saem como planejado, e Luis escreve sobre seus amores com sinceridade, encantamento e – algo infelizmente não tão comum em relacionamentos amorosos malfadados – respeito e consideração pelos envolvidos e seus desejos conflitantes.
✍🏼 FRASE
Eu digo aos meus alunos para quando escreverem, imaginarem que estão escrevendo uma carta para o amigo ou amiga mais inteligente que eles têm. Desse jeito, nunca irão menosprezar a inteligência dos leitores.
— Jeffrey Eugenides
💾 ARQUIVO (Maio de 2022) (somente para apoiadores magníficos)
A droga na religião, mulheres brigam nas novelas, os Homo Sapiens, e deixe o cérebro divagar
"A divagação por muito tempo foi vista como algo negativo. Queremos produtividade das pessoas, queremos que elas prestem atenção. A escola é basicamente um treinamento para isso. Mas nos últimos anos, o que tem se notado é que o cérebro está sempre indo de um lugar para outro", disse à BBC o neurocientista Daniel Margulies, pesquisador do Instituto Max Planck para Ciências Cognitivas e do Cérebro Humano, na Alemanha. Os resultados de pesquisas recentes sugerem que divagar pode ser uma estratégia do organismo para organizar a memória, preparar-se para o futuro e até mesmo para manter o corpo funcionando corretamente - inclusive naqueles momentos em que você deveria estar prestando atenção em outra coisa.
Filhos às vezes nos fazem chorar por motivos muito bonitos. Me vi e vi minha filha nesta cena que tu descreveu :) E obrigada pela indicação de livro, parece super interessante!